Dia da Internet (In)Segura: Cara ou Coroa?

Faz parte do nosso dia-a-dia mas muitas vezes tantos densos pretendemos afastar dela. É-nos tão útil para consultar a meteorologia e fazer pagamentos bancários mas arriscamos a ser alvo de um ataque ou de uma infestação de vírus nos nossos dispositivos. É-nos dado tanto acesso a tanta informação e no entanto é cada vez mais difícil distinguir informação de desinformação.

Porque é que continuamos ligados a um mecanismo que nos dá e tira tanto em tão poucos segundos. Porque é que continuamos a comunicar tanto online quando o poderíamos fazer offline? Porque é que em vez de escrevermos cartas e abrirmos o marco do correio, enviamos emails instantâneos que permitem uma resposta rápida e eficaz? Porque é que os videojogos online são tão apelativos, quando uma mesa e um jogo de tabuleiro fazem as delícias daqueles que à volta dele se juntam?

Toda esta dualidade pode levar-nos a pensar que a Internet se torna cada vez mais um lançamento de uma moeda ao ar, onde pode cair cara ou coroa baseado nas probabilidades do mero acaso. Será assim? Será que o lado negativo da Internet é tão invasor ao ponto de nos deixar à mercê de um ciberataque a qualquer momento ou de sermos alvo de fake news que fornecem visões distorcidas sobre o mundo?

Não! A internet não se trata de um lançamento de moeda ao ar aleatório, entregando à sorte do destino as consequências positivos ou negativas que advém dela. Porém, aquilo que era preciso saber no início dos anos 2000 com a Internet a tornar-se cada vez mais alcançável pela população em geral, não será o mesmo que é necessário saber em pleno anos 20.

Para além das competências digitais de base que conduzem a uma navegação adequada e utilização salutar da Internet, no presente é ainda mais necessário desenvolver competências que não são inerentemente tecnológicas mas sim bastante humanas. Refiro-me ao pensamento crítico, reflexivo, que procura provas para lá das primeiras evidências, que pondera dúvida na presença de certezas e que procura fontes para comprovar os factos que são apresentados.

Não obstante, as competências digitais para uma navegação segura na Internet são mais do que necessárias nos dias de hoje. Para nós e para aqueles que estão sob o nosso cuidado. Em relação às crianças e aos jovens, da mesma forma que uma figura parental se preocupa e inquire sobre os locais para onde o filho vai e se interessa pelas pessoas que fazem parte da sua rede social de suporte, os meus cuidados são exigidos no que respeita à presença digital. A utilização de filtros de controlo parental enquanto a criança e o jovem treinam as suas aprendizagens na Internet ao longo do seu desenvolvimento são uma necessidade no estabelecimento de limites quer face aos outros, quer face ao próprio.

A segurança na Internet é uma possibilidade, em muito dependente da forma como cada um de nós a utiliza, quer no sentido da prática própria, quer no sentido de orientar filhos e alunos numa utilização positiva, produtiva e construtiva, para que se assuma a responsabilidade e o controlo sob uma experiência que de aleatório tem muito pouco.